2021

Visibilidade Secreta explora as complexidades da violência doméstica, promovendo um diálogo sobre vulnerabilidade e resiliência. O projeto reflete sobre o papel ambivalente dos espaços domésticos, que podem oferecer refúgio ou ser palco de violência, especialmente para indivíduos marginalizados.

Durante a pandemia, o isolamento social intensificou esses contrastes, contribuindo para o aumento nos casos de violência doméstica no Brasil segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A série utiliza filme fotográfico impregnado com ingredientes locais para conectar as imagens ao contexto doméstico. No processo, os negativos tornam-se metáforas de sobrevivência. A pesquisa explora as nuances dos hematomas, desde o trauma inicial até a cura, utilizando cor e forma para transmitir a passagem do tempo e as marcas emocionais no próprio material.

Utilizei o filme para capturar cenas domésticas íntimas e o impregnei com ingredientes locais para vincular as imagens ao seu contexto. Isso mudou minha perspectiva e comecei a abordar os negativos como sobreviventes em seu próprio direito. Investigando as nuances da formação de hematomas, desde o trauma inicial até a cura gradual, explorei como a cor e a forma poderiam transmitir a passagem do tempo e a ressonância emocional no próprio filme.

A série se desenvolve como um diálogo entre a pele e o espaço. O primeiro segmento apresenta imagens que lembram hematomas, com as imagens originais capturadas dentro das paredes de minha própria casa. Na segunda metade, eletrodomésticos e cômodos servem como pano de fundo à paleta de cores dos hematomas. Por meio dessa justaposição, procurei iluminar as marcas físicas do abuso e o preço psicológico de viver em um ambiente abusivo.